18 de maio de 2009

"Célula embrionária é para fazer bebê", diz especialista

O neurocirurgião português Carlos Lima, do Hospital de Egas Moniz, em Lisboa, conhecido por aplicar desde 2001 uma técnica experimental de recuperação de lesão medular baseada no implante de células-tronco retiradas da mucosa olfativa, é um crítico das pesquisas com células embrionárias.

Para ele, não se investe mais em células-tronco adultas porque não se pode patenteá-las. "Grupos econômicos fazem toda essa publicidade em torno de células embrionárias, que na minha opinião nunca vão funcionar. A natureza não faz células embrionárias para reparar o corpo, mas para fazer bebês".

O especialista explica que existem células com a potencialidade das embrionárias, como as do nariz, que não só fazem neurônio, mas fazem fígado, sangue ou pâncreas. “Querem continuar a gastar tempo, dinheiro e energia, causando sofrimento ao paciente, por uma única razão: célula da mucosa olfativa não tem patente. Do ponto de vista financeiro, não traz benefício”, disse o neurocirurgião, que veio ao Brasil para uma conferência sobre o tema realizada ontem na Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desde o início da pesquisa, 125 pessoas foram operadas e tiveram diferentes graus de recuperação - uma delas, a carioca Camila Magalhães Lima, de 23 anos, tetraplégica desde os 12 por causa de bala perdida. Camila foi operada por ele em 2006 e diz ter recuperado parte da sensibilidade nos pés e nas costas, além de conseguir dar alguns passos com ajuda de equipamentos.

"Mas hoje ela não poderia ser operada, pelos critérios da pesquisa. Na fase atual, estamos operando doentes completos (sem nenhum movimento abaixo da lesão), crônicos e que possam fazer a reabilitação."

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