16 de abril de 2009

A convicção de Paulo

Por Mário Eugênio
Dias destes, ouvi na TV que Constantino perseguira os Cristãos, convertera-se superficialmente, definira o domingo como o dia de Deus e introduzira na comunidade crista diversos outros vícios como a "idolatria". Não é fantástico? A primeira afirmação, obviamente o que se fez mestre quis dizer Nero e os outros imperadores que perseguiam o cristianismo. Quanto às outras afirmações, olha o absurdo, os cristãos morriam pela fé cristã, e de repente, porque o imperador agora era cristão, mudaram as práticas que tanto defenderam? Eta argumentinho elaborado ... Mal elaborado, né? É claro que Constantino só legalizou o que já era a prática cristã. Se isso não fosse verdade, eles continuariam a morrer por Cristo.

Mas o que mais me causa espécie é incrível percepção de alguém do século XXI, arrogar saber com certeza o que se passou no coração de um cristão extraordinário como Constantino mil e quinhentos anos atrás. Será que isto está na Bíblia? Será que teve alguma biografia que revela isso? Certo que não! Especulação pura e ofensiva.

Daqui a pouco vão dizer que São Francisco não foi um santo homem. Como pode tal argumento tão frágil tornar-se convicção de alguém? Pois é ... Isso me desperta para o exemplo de Paulo, que era um doutor em Bíblia, conhecia a Palavra de Deus com a palma da mão. Era tão convicto, mas tão convicto, que mobilizou toda sua energia para perseguir a comunidade (Igreja em grego) de Cristo, levando à morte o santo Estevão. Isso é o que faz alguém que estuda a Bíblia somente com as emoções. A arrogância de sabedoria e amor a Deus nunca foi prova de devoção real.

O mais impressionante foi o fim dessa devoção cega, o próprio Jesus Cristo aparece a Paulo e faz a revelação: perseguir a Igreja e perseguir o próprio Cristo (Conforme Atos 9,4-5: "Saulo, Saulo por que me persegues?" Saulo disse: " Quem és Senhor?" Respondeu Ele: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues"). Certamente Jesus não aparece a mais ninguém, está na Bíblia para que aprendamos a respeitar Cristo pelo respeito à Igreja dele. E, se Paulo, que era inteligentíssimo, estudioso e dono de grande devoção, errou tanto, o que dirá de todos nós ...

Porém Jesus já havia alertado sobre a convicção que não é santa pois afasta de Deus os irmãos, e consequentemente, o convicto. Paulo não sabia. Jesus contou o caso do filho pródigo. Não confunda pródigo com prodigioso. Todos centralizam a história no pecador que se arrepende, mas devemos observar aquele filho que permanece junto ao Pai, mas não ama o irmão, não se importa com sua salvação e seu bem-estar, era um cumpridor dos mandamentos. Era convicto, mas não amava seu irmão. A convicção pode levar à condenação, só amor às leis, sem amor aos irmãos, não garante a salvação. E como quem escandaliza seu irmão, não está demonstrando amor ...

* Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano

Publicado no Jornal "Diário do Vale" em 10 de abril de 2009

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