6 de maio de 2010

A Bíblia a única fonte da Fé?

ACUSAÇÃO: Para os protestantes a Bíblia é a única fonte da fé e da revelação divina, enquanto os católicos reconhecem 3 fontes: A bíblia, a tradição apostólica e o magistério da Igreja. Quem tem razão? 

RESPOSTA: 

A própria Bíblia não apresenta nenhum dos livros sagrados, e não afirma em nenhuma parte, ser ela a única fonte da fé e da Palavra de Deus. Pelo contrário, lemos nela que por muitos séculos Deus confiou oralmente a sua Palavra e Aliança a Noé e a Abraão, que pela tradição oral passava do pai para filhos por muitas gerações. ( Gen 4,8s e 15,18s ). Também Moisés recebeu a Palavra e a Aliança de Deus oralmente. E mesmo depois, quando escreveu os primeiros livros da Bíblia, guardados na Arca da Aliança, o ensinamento bíblico foi confiado ao sacerdote Aarão e seus filhos. ( Lev 10,8-11 )


Também Jesus não escreveu e não mandou escrever nenhum livro, mas escolheu, ensinou e autorizou oralmente os Apóstolos, ordenando-lhes: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinar todos os povos… ensinando-os a observar tudo o que vos mandei”. ( Mt 28,18-20 )

Cumprindo esta ordem, os primeiros cristãos espalharam o Evangelho por tradição oral, em toda a parte, durante os primeiros decênios, como se pode ler nas seguintes cartas de S. Paulo:

( Tt 1,5 ) “Deixei-te em Creta para que regules o que falta e estabeleças presbíteros nas cidades, segundo as prescrições que te dei”.

( II Tm 2,1-2 ) “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na fé que está em Jesus Cristo, e o que ouviste de mim diante de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir a outros”.

( I Ts 2,13 ) “Não cessamos dar graças a Deus, porque ao receberdes a Palavra de Deus, que de nós ouviste, vós a recebestes não como palavra humana, e sim - o que realmente é - Como Palavra de Deus”.

( II Ts 2,15) “Conservai as tradições que aprendestes ou por nossas palavras ou por nossa carta”.

Sobre a autoridade de Pedro, reunido com os Apóstolos e presbíteros em Jerusalém ( o Magistério ), temos um claro testemunho em At 15,6-29): “Reuniram-se então os Apóstolos e presbíteros para examinar a questão ( da circuncisão dos pagãos convertidos ). E depois de ter discutido longamente, Pedro ergueu-se e disse: “… Tendo nós sabido que alguns, saindo do meio de nós, sem nenhuma ordem de nossa parte, vos perturbaram com discursos que agitaram as vossas almas, aprouve a nós, depois de nos termos reunido, escolher alguns homens e enviá-los a vós… que vos exporão as mesmas coisas de viva voz. Pareceu bem: ao Espírito Santo e a nós, de não vos impor mais nenhum outro peso…”

Esta autoridade Pedro tinha recebido de Jesus, quando lhe disse, ( Mt 16,18-19). “Eu te digo: tu és Pedro e sobre esta edificarei a minha Igreja.. a ti darei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares na terra, ficará ligado nos céus; e o que desligares na terra, ficará desligado nos céus”. Em Jo 16,12-13 Jesus acrescentou a promessa: “quando vier o Espírito da verdade, guiar-vos-á por toda a verdade”.

Portanto: Lógica e cronologicamente, Jesus:

1° -Escolheu, autorizou e enviou os Apóstolos, sob a presidência de Pedro, a evangelizar todos os povos, estabelecendo assim o Magistério da Igreja.

2°- Este ensinamento, oral e pelas cartas, foi transmitido pelos apóstolos, - como Tradição Apostólica, - aos bispos e presbíteros por eles escolhido e consagrados: ( Mt 1,5: II Tim 2,12, I Pd 5,1-2 ).

3° - Somente depois de mais de 2 séculos, o Papa reunido com os Bispos em Concílio, com sua autoridade infalível, declarou uma parte destes escritos da Tradição, como Cânon de Livros Sagrados, ou Sagrada Escritura, ou Bíblia: reservando-se o direito e a obrigação de vigiar sobre sua autêntica interpretação, de acordo com a Tradição Apostólica.

Daí, quando os Católicos obedecem ao Magistério da Igreja, eles tem absoluta certeza de cumprir a Vontade de Deus; mesmo quando estão exercendo práticas que não estão claramente ensinadas na Bíblia, como por ex.: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a devoção do santo Rosário, etc., - ou quando deixam de lado muitas prescrições, que por motivos especiais, circunstanciais, obrigavam o povo de Israel no Antigo Testamento.

Os protestantes, porém , para os quais somente a Bíblia é a única fonte da Palavra de Deus, seriam ainda obrigados a cumprir todas as prescrições do Antigo Testamento, como por ex.:

Não acender fogo ( para cozinhar ) em nenhuma moradia, no sábado ( Ex. 35,3). Não semear diferentes espécies no mesmo campo ( Lev 19,19 ). Não semear e não colher nada, nos campos e na vinha, no ano sabático ( Ex 23,10-11 e Lev 25,3-5 ). Não comer os frutos das árvores durante os primeiros 3 anos ( Lev 19,23-25 ). Não comer sangue, nem carne com sangue ( Lev 17,10-14 e 19,26 ). Não comer coelho, lebre, porco e os demais animais “impuros” ( Lev 11,1-47 ). Punir de morte os blasfemadores, homicidas, adúlteros, homossexuais, os transgressores do sábado, os que tiverem amaldiçoado os pais, ou evocado os espíritos, etc ( Ex 35,1-3 e Lev 20,9-27: 24,10-23 ).

Qual a seita que está observando todas estas e outras prescrições do Antigo Testamento? E com que autoridade podem se desculpar desta não-observância?

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