1.
Introdução
Com o surgimento do
Protestantismo Pentecostal, os fundadores de suas denominações
resolveram intitular-se Bispos. É verdade que já no protestantismo
histórico (Anglicanismo e Luteranismo) , este título já era usado por
alguns de seus presbíteros. No Brasil os exemplos mais conhecidos são do
“Bispo” Macedo e do “Bispo” Marcelo Crivella, ambos da Igreja Universal
do Reino de Deus; o “Bispo” Rodovalho da Sara Nossa Terra e agora os
“Bispos” Hernandes da Renascer em Cristo. Será que os “Bispos”
pentecostais são Bispos de fato ou praticam falsidade ideológica?
Nos escritos da
Igreja Primitiva do início do séc. II é possível observarmos que a mesma
já estava organizada hierarquicamente em bispos, presbíteros e
diáconos.
O Bispo era o chefe
de uma diocese, isto é, o chefe de um conjunto de paróquias
geograficamente organizadas. Cada paróquia tinha como ministro um
presbítero. Este era o sacerdote responsável por ministrar os
sacramentos e orientar os fiéis na doutrina. Ele normalmente era
auxiliado por diáconos.
Tudo isto é
testificado, por exemplo, nas sete cartas de Santo Inácio de Antioquia
(1) datadas em 107 d.C. Santo Inácio foi Bispo de Antioquia e discípulo
pessoal dos Apóstolos Pedro e Paulo.
[Continue Lendo]
Episcopado é o nome
que se dá ao ministério do Bispo.
O Episcopado tem
origem no ministério dos Apóstolos, isto é, foi o próprio Cristo que
instituiu os Apóstolos como Bispos da Sua Igreja. Com efeito, a Bíblia
ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo deu o governo da Igreja aos Santos
Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim
rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10,
16).
Eles eram aqueles
que estariam agora sentados na Cadeira de Moisés, no lugar dos escribas e
Fariseus (cf. Mt 23,2-3). Por isto, o próprio Cristo deu a eles a
autoridade que outrora foi dada a Moisés: ligar e desligar. Isto
significa: definir o que é Certo e o que é Errado (cf. Mt 18,18). Por
esta razão São Paulo ensina que “a Igreja do Deus Vivo é a Coluna e o
Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15).
Como os apóstolos
não permaneceriam na terra para sempre, nas várias regiões aonde o
Evangelho ia sendo pregado, iam instituindo novos Bispos que deveriam
cuidar do rebanho de Cristo na ausência deles.
Talvez o testemunho
histórico mais antigo sobre isto, esteja na Primeira Carta de São
Clemente aos Coríntios (2). Escrita pelo ano de 90 d.C, Clemente que
então era o 4o. Bispo de Roma na sucessão de Pedro, assim se
expressa:
"42. Os
apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram.
Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os
apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de
Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da
ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de
Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que
o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e
aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de
instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era
algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos
diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ‘Estabelecerei seus
bispos na justiça e seus diáconos na fé’".
"44. Nossos
apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria
disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo
exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e
ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes
sucedessem no ministério".
Como se vê, segundo a o ensinamento que os Apóstolos comunicaram a seus discípulos, os Bispos da Igreja são sucessores diretos dos Apóstolos. Isto quer dizer que fora da sucessão dos apóstolos não há Episcopado, logo não há Igreja de fato.
4. Testemunhos Históricos da Sucessão dos Apóstolos
O Protestantismo alega que a Sucessão Apostólica é algo inventado pela Igreja Católica para sustentar que só ela possui Bispos e presbíteros verdadeiros.
Em primeiro lugar, a
Igreja Católica não alega que só ela possui Bispos e presbíteros
verdadeiros. Ela também reconhece a validade dos ministros da Igreja
Ortodoxa. Afinal, todos os Bispos ortodoxos são sucessores dos
apóstolos, assim como os Bispos católicos. A Igreja Católica não
reconhece é licitude do ministério ortodoxo, pois para o Catolicismo a
Igreja Ortodoxa está em cisma, isto é, não está em plena comunhão com o
Papa.
Em segundo lugar, é
muito interessante notar como o subjetivismo protestante é capaz de
reinventar até o passado. Não é a Igreja Católica que está inventando a
Sucessão Apostólica para provar ser a Única Igreja de Cristo, mas é o
Protestantismo que inventa que a Sucessão dos Apóstolos é uma ficção,
pois ela é a maior prova de que as igrejas protestantes não são Igrejas
de fato.
Daremos uma pequena
amostra da Verdade ao leitor, transcrevendo os testemunhos históricos
sobre a sucessão regular dos Bispos em Roma, pois os protestantes alegam
que o Papa não é sucessor de Pedro, pois nunca existiu sucessão dos
apóstolos na Igreja Primitiva. Vejamos:
"No atinente a seus outros companheiros, Paulo
testemunha ter sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a
Lino, cuja presença junto dele em Roma foi registrada na 2ª carta a
Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o
episcopado" (HE III,4,8).
"A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos,
sucedeu Tito, seu filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o
bispo Lino, depois de ter exercido durante doze anos o ministério da
Igreja de Roma, transmitiu-o a Anacleto" (HE III,13).
"No décimo segundo ano do mesmo império [de
Domiciano, irmão de Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma
durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo],
na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses
termos: 'Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos
nomes estão no livro da vida'" (Fl 4,3).
"Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro
ano do reinado do supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a
vida, passando seu múnus a Evaristo. No total, durante nove anos
exercera o magistério da palavra de Deus" (HE III,34).
"Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano
(...) Evaristo completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado
em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (HE IV,1).
"No terceiro ano do mesmo governo [do imperador
Aélio Adriano, sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu,
tendo completado o décimo ano de sua administração. Teve Xisto como
sucessor" (HE IV,4).
"Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo
ano, Xisto, tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve
Telésforo por sucessor, o sétimo depois dos apóstolos" (HE IV,5,5).
"Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua
incumbência, após vinte e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do
império romano Antonino, o Pio. No primeiro ano deste, Telésforo deixou a
presente vida, no undécio ano de seu múnus e coube a Higino a herança
do episcopado em Roma" (HE IV,10).
"Tendo Higino falecido após o quarto ano de
episcopado, Pio tomou em mãos o ministério em Roma" (HE IV,11,6).
"E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no
décimo quinto ano de episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade"
(HE IV,11,7).
"Já atingira o oitavo ano o império de que
tratamos [Antonino Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que
completara onze anos de episcopado na Igreja de Roma"(HE IV,19).
"Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao
termo de sua vida no decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe
Eleutério, o décimo segundo a contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano
do imperador Antonino Vero" (HE V,Introdução,1) .
"No décimo ano do império de Cômodo, Vítor
sucedeu a Eleutério, que havia exercido o episcopado durante treze anos
[...]" (HE V,22).
Basta percorrer os
vários escritos deixados pelos discípulos dos Apóstolos que não faltarão
provas e testemunhos históricos da sucessão dos apóstolos.
5. Conclusão
Sair por aí criando “igrejas” e se intitulando Bispo é um grande embuste, que infelizmente engana a muitos que não tem conhecimento da Fé de Sempre, que não possuem conhecimento do nosso passado, de nossas raízes, da Memória Cristã.Como se pode constatar nos pelos testemunhos dos antigos cristãos, fora da sucessão regular dos Apóstolos não há verdadeiro Episcopado, logo não há verdadeiro ministério, logo não há Igreja de Fato. Por esta razão, os “Bispos” protestantes não são Bispos, e suas “igrejas” não são Igrejas.
Já está mais que na hora dos irmãos protestantes
saírem de sua “redoma bíblica” e procurarem conhecer a Fé dos primeiros
séculos. Pois o que foi Verdade sempre, não pode ser mentira agora.
Peço todos dias a Deus que assim como eu, outros
protestantes possam ser libertos do subjetivismo de Lutero. E que mais
católicos busquem uma vida santa e que ao contrário de Esaú, saibam do
tesouro que possuem na Igreja Católica.
6. Artigos relacionados
7. Referências
(1) INÁCIO, de Antioquia. Padres Apostólicos -
Carta aos Romanos. Tradução de Ivo Storniolo e Euclides M. 2ª.
Edição. São
Paulo: Paulus, 1995. (Patrística; 1). p. 103-108.
Paulo: Paulus, 1995. (Patrística; 1). p. 103-108.
(2) CLEMENTE, Bispo de Roma. Padres Apostólicos,
Primeira Carta de Clemente aos Coríntios. Tradução Ivo Storniolo,
Euclides M. Balancin. São Paulo: Paulus, 1995. (Patrística, 1). p. 5-70.
(3) EUSEBIO, Bispo de Cesaréia. História
Eclesiástica. Tradução Monjas Beneditinas do Mosteiro de Maria Mãe
de Cristo. São Paulo: Paulus, 2000 (Patrística; 15).
Autor: Prof. Alessandro Lima
Artigo disponível desde segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
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