BARCELONA, janeiro de 2010 (
ZENIT.org).-
Como todos os anos, o Prof. Peio Sánchez, diretor do Departamento de
Cinema do arcebispado de Barcelona (Espanha), oferece sua avaliação
sobre os 10 melhores filmes do ponto de vista espiritual.
Sánchez afirma que, ao fazer este elenco, ele o apresenta “como um
material válido para a recuperação educativa e pastoral através do DVD.
(...) Parece-nos hoje imprescindível escolher bem o que vemos para
sermos pessoas melhores. E acreditamos que esse tipo de cinema convida a
aprofundar nos grandes interrogantes, propõe um olhar aberto ao
mistério de Deus”.
1. Gran Torino (2008), Clint Eastwood
“Em
Gran Torino, Clint Eastwood soube contar uma história
simples com uma enorme força dramática, apresentando temas espirituais
de fundo, como o sentido do perdão, a redenção como sacrifício e o
caminho da conversão. E do ponto de vista cristão, não somente apresenta
uma imagem positiva da Igreja, representada no Pe. Janovich, mas também
oferece uma poderosa imagem crítica nas decisões finais do
protagonista.”
2. Jornada pela liberdade (2006), Michael Apted
“Esta homenagem a William Wiberforce – um parlamentar da Câmara dos
Comuns, que dedicou, desde a sua juventude, sua atividade política à
luta contra a escravidão e as injustiças sociais – apresenta-se com uma
magnífica produção e uma série de atuações excepcionais. Marcada
profundamente pela perspectiva social cristã, é um filme imprescindível
para conhecer a força ética do Evangelho e sua herança em nossa
cultura.”
3. Katyn (2007), Andrzej Wajda
“Surpreendente filme do mestre polonês Andrezej Wajda. Este
testamento fílmico do genocídio de Katyn, perpetrado pelo comunismo
soviético em 1940, afetou pessoalmente o diretor, já que seu pai era um
dos 20 mil oficiais e cidadãos poloneses assassinados. Narrada a partir
da perspectiva dos sobreviventes, especialmente mulheres, é um hino à
reconciliação, da memória que busca a verdade. A fé católica é mostrada
com intensidade em diversos momentos, mas de forma mais contundente nos
últimos minutos.”
4. Quem quer ser um milionário? (2008), Danny Boyle
“O diretor Danny Boyle, de formação e convicções cristãs, soube
contar uma dura história sobre a superação da miséria à vitória. Narrado
como um conto de fadas, acompanha a história de três garotos que nascem
nas barracas de Calcutá e como, a partir do protagonista Jamal, verão o
triunfo da bondade e do amor, muito além da injustiça e da violência. A
história nos apresenta uma intriga que move o espectador à esperança e
que convida a reconhecer a presença da Providência, que acompanha os
acontecimentos respeitando a liberdade, mas estimulando a bondade.”
5. O visitante (2007), Thomas McCarthy
“É a história de uma visita gratuita na qual se vê envolvido um
obscuro professor universitário, genialmente interpretado por Richard
Jenkins, que, após ficar viúvo, vive sem sentido e cuja vida se
transformará em seu encontro com Tarek. Este sírio, que carrega a
perseguição em seu coração, representa a alegria e a vontade de viver
que faltam ao protagonista. Neste itinerário de transformação, veremos
como cresce nele a sensibilidade e o compromisso, a capacidade de amar e
o exercício responsável da liberdade. Um filme que, além do mais, é um
grito contra a injustiça das leis migratórias.”
6. A caixa de Pandora (2008), Yesim Ustaoglu.
“O mal de Alzheimer da avó abrirá a caixa de Pandora da uma família
que vive às margens da infelicidade, como se uma maldição caísse sobre
eles quando a anciã, uma genial Tsilla Chelton de 89 anos, desaparece de
casa. Com esta fuga, começa uma viagem rumo à verdade que envolverá
todos eles, quando vão a uma aldeia de montanha na costa do Mar Negro. A
lucidez da demência não conseguirá dobrar o desvario dos instalados na
comodidade ou no fracasso; mas conseguirá mover os que sentem que a vida
vai muito além e que sempre estão dispostos a subir uma montanha, ainda
que as forças já sejam escassas. Uma aliança na qual os mais velhos
transmitem a esperança aos mais jovens.”
7. A partida (2008), Yojiro Takita
“Daigo, um violoncelista desempregado, descobre sua vocação quando
abandona Tóquio com Mika, sua mulher, e vai à cidade e à casa em que
viveu sua infância. Um processo lento e surpreendente o converterá em um
especialista em
nôkan, ritual mortuário japonês que supõe uma
recordação do defunto desde o ato de embalsamento. Em sua aprendizagem,
vão se cruzando várias histórias de reconciliação dos vivos com os
mortos e ele irá, pouco a pouco, abrindo sua própria história a um
caminho de pacificação. O filme nos permite contemplar a morte com uma
perspectiva diferente.”
8. O curioso caso de Benjamin Button (2008), de David Fincher
“Baseada em uma novela de F. Scott Fitzgerald, conta a vida
singular de Benjamin: um estranho bebê que nasce sendo idoso e que, com o
passar do tempo, acabará transformando-se em um bebê. Este estranho
personagem, que terá um corpo que cresce ao contrário do seu espírito,
oferece-nos um personagem que amadurece de uma forma diferente e que
também terá que amar Daisy – seu fiel e verdadeiro único amor – de uma
forma diferente, ainda que não por isso impossível.”
9. Le Hérisson (2009), Mona Achache
“Adaptação do famoso livro de Muriel Barbery, ‘A elegância do
ouriço’, e que supõe o primeiro longa-metragem da diretora francesa Mona
Achache. Baseia-se no contraste de dois personagens: por um lado, uma
menina com um rico a inteligente mundo interior; por outro, a porteira
do número 7 da rua Grenelle, uma mulher descuidada e um pouco
antipática. Mas ambas terão um segredo que virá à tona com a chegada de
Kakuro Ozu, um elegante viúvo japonês. Esta revelação servirá de
desculpa para compreender o segredo profundo das pessoas e como às vezes
o essencial não está nas aparências.”
10. Rio congelado (2008), de Courtney Hunt
“História sobre a resistência e a amizade de duas mulheres que
começam em conflito, mas que criarão um profundo laço de solidariedade
que tem como origem comum uma maternidade transcendida e o desejo de
amar inclusive acima de suas forças. Dirigido por Courtney Hunt,
apresenta os personagens com grande veracidade. A dureza e a desolação
nas imagens nos permitem encontrar na alma das protagonistas uma
generosidade desmedida, que devolve a confiança no ser humano, inclusive
nas situações de solidão e limite que enfrentam.”
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