A
eleição terminou, mas a luta não. A senhora Dilma Rousseff é a nova
Presidente do Brasil. A primeira ex-guerrilheira no Executivo do país.
Militante de um partido com uma agenda programática agressiva ao direito
à vida e ao reconhecimento da família como comunidade fundada na união
indissolúvel de um homem e uma mulher. Membro do núcleo duro do Partido
que opera o projeto de um "socialismo democrático" que transcende a
Lula, e que leva em si o gene autoritário. Segundo José Dirceu, "a
eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula porque é a
eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa".
Nosso
espelho hoje é a Espanha do PSOE e de Rodríguez Zapatero, onde o
"socialismo democrático" liberou o aborto durante toda a gestação,
reconheceu a união civil entre pessoas do mesmo sexo equiparada a
matrimônio, e portanto, com direito à adoção; possibilitou o divorcio
unilateral e imediato, restringiu a liberdade de educação dos pais e dos
grupos religiosos, empreendeu uma intensa deconstrução das raízes
culturais da nação, limitou o direito à livre associação, e persegue o
direito à objeção de consciência, entre outras coisas. Hoje sabemos o
que sentiram os católicos espanhóis em 9 de março de 2008, quando
Zapatero foi reeleito.
Pois
bem, é tempo de orar, de orar por todas as autoridades eleitas, todas
elas. Orar pela senhora Dilma Rousseff, segundo nos ensina uma perene
tradição eclesial "orem por todos os que têm autoridade, para que
possamos viver uma vida calma e pacífica, com dedicação a Deus e
respeito aos outros" (1 Tm 2: 1-4) porque devemos "pagar a todos o que
lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem
respeito, respeito; a quem honra, honra" (Rm 13.7).
Porém,
a Igreja nos ensina que "não há autoridade que não proceda de Deus, e
as autoridades que existem foram por ele instituídas" (Rm 13.1). A fonte
de todo poder é Deus, e o poder se comunica através das causas
segundas, pela forma em que decidimos organizar a sociedade. Os que
exercem o poder fazem-no de maneira vicária, são administradores de uma
autoridade que não vem deles, que não é absoluta e que está sempre ao
serviço do Bem Comum e sujeita à ordem moral.
A
exemplo de Santo Tomás Moro, ela terá de nós respeito e obediência em
tudo aquilo que mande e esteja ordenado ao bem comum e não confronte a
lei natural e a lei de Deus, mas quando fira estes princípios terá
certamente nossa firme e contundente oposição. Somos obrigados, não só a
não obedecer, mas também a nos opor ativamente às leis iníquas.
É
tempo também de combater. Combater sem descanso, sem medo,
generosamente, sem respeitos humanos. Combater a imagem ideologizada do
homem e da sociedade que pretendem nos impor, combater toda iniciativa
de agressão à pessoa humana, à sua liberdade, aos seus direitos
fundamentais, à reta constituição da família e da sociedade; combater
o autoritarismo do chamado socialismo democrático, combater seu laicismo
militante e pragmático, combater, sem nunca esquecer, que dito combate
tem uma dimensão espiritual que lhe dá seu sentido profundo, trata-se de
lutar para que Cristo, nosso Rei, reine na Terra de Santa Cruz.
Combater
sabendo que Ele não reina com um sistema político. Seu reino não esta
atrelado aos governos do mundo, mas a ordem temporal esta chamada a
desenvolver-se sob seu Império. Desta luta surgirá "uma nova geração de
católicos coerentes que atuem sem complexos de inferioridade na vida
política", como pede o Papa. O combate deve ser travado com plena
consciência da responsabilidade histórica que temos com a próxima
geração. Eles e Deus serão quem nos julgarão.
É
tempo de esperança, porque como o Papa recentemente nos lembrou, Cristo
é o Senhor do mundo e exerce soberanamente seu poder. "As ideologias
que dominam, que se impõem com força, são divindades. E na dor dos
santos, na dor dos fiéis, da Mãe Igreja, da qual nós somos parte, devem
cair essas divindades, deve realizar-se o que diz a Carta aos
Colossenses e aos Efésios: as dominações, os poderes caem e tornam-se
súditos do único Senhor Jesus Cristo", nos ensina Pedro.
Caros
amigos, repetimos: é tempo de esperança. Como disse Dom Luiz Gonzaja
Bergonzini, o leão de Guarulhos, o Evangelho da Vida já ganhou muito. Só
lembrem-se da alegria de ver a tantos e tantos acordar do sono morno e
se colocar de pé na trincheira, dispostos à luta. Lembre-se do que você
experimentou ao ouvir Bispos que, com grande coragem e sem medo, por
amor às suas ovelhas, alçaram sua voz, e dita voz foi escutada.
Lembre-se do que sentiu ao escutar o próprio Pedro confirmar seus irmãos
e nos encorajar a assumir nossa responsabilidade temporal. Há quanto
tempo isto não acontecia no Brasil!
É
tempo de esperança e de organização, por isso, como presente para todos
vocês, deixamos-lhes o atualíssimo texto a seguir do Beato Anacleto
Gonzáles Flores, escrito em 1918, na época em que um poder autoritário
preparava no México uma encarniçada luta contra as liberdades,
especialmente a religiosa. Este leigo, casado, com filhos, advogado,
jornalista, apóstolo da juventude e líder de diversos grupos sociais,
que morreu mártir, nos deixa como herança, hoje, uma palavra-chave:
organização.
Agora é joelho no chão, espada na mão, e fogo no coração!
Boa leitura e que o Cristo Rei do Corcovado seja símbolo do Seu dominio sobre nós.
Viva Cristo Rei!
Os Editores.
Na véspera da festividade de todos os santos.
Agora é joelho no chão, espada na mão, e fogo no coração!
Boa leitura e que o Cristo Rei do Corcovado seja símbolo do Seu dominio sobre nós.
Viva Cristo Rei!
Os Editores.
Na véspera da festividade de todos os santos.
Existe esperança!
“Tudo está perdido”. Está é a frase que escapa dos lábios de muitos que não se deram o trabalho de estudar nossa situação e que ignoram ou aparentam ignorar que, tanto os indivíduos como os povos, são suscetíveis de regeneração. Sim; apesar do pessimismo e do desânimo de quase todos, da covardia, da preguiça e da desorientação, nós não desistiremos jamais de escrever palavras de esperança e de confiança de que o futuro pode ser nosso, que as classes sociais ainda podem render uma homenagem de adoração a Cristo e que a pátria pode ser salva, ainda quando caminhe a largos passos para a pendente catástrofe e para a ruína.
Mas,
“tudo conspira contra nós”, dizem alguns com tom de lamento; sim, é
certo, tudo se conjuntura contra nós, mas o que devemos muito lamentar é
que as loucuras, as paixões e a degradação dos homens se rebelam contra
o único que é santo e digno de veneração que existe sobre a terra: a
Igreja. O que devemos lamentar é que a grande maioria dos católicos
esperam que o ressurgimento da Pátria seja obra só de Deus, o resultado
prodigioso de um milagre; e não uma obra na qual haja, por uma parte, o
influxo de nosso Criador, e por outra, um esforço humano com tudo o que
este tem de forte e eficaz. Este tem sido o papel que mais temos feito,
ou seja, o de meros espectadores sentados, que com todos os tons cantam
elegias sobre as ruínas amontoadas pelo cataclisma. E não é, e nem deve
ser este, o nosso papel: ainda há no elemento católico energias que
podem ser postas em ação de tal maneira que se lhes lancem a lutar
contra os sustentadores do mal e se empenhem pelo caminho da
reconstrução; assim, se alcançará uma vitória completa e conseguiremos
que o bem triunfe sobre o erro e mal.
Isto
exige, desde agora, que todo os católicos se convençam de que é preciso
sair da inércia em que até agora têm vivido, que é necessário deixar a
preguiça, que é urgentíssimo entrar em ação, indispensável que nosso
influxo se faça sentir forte e incontrastável sobre a sociedade para
orientá-la e regenerá-la. Agora é urgente a necessidade de sair de todos
os templos para ir em busca das almas, colocarmo-nos em contato com
todas as classes sociais, iluminá-las com a doutrina da Igreja, para
transformá-la com nosso exemplo, atraí-las com a caridade, e, sobretudo,
organizá-la de uma forma que encontre remédio eficaz para suas misérias
econômicas, intelectuais e morais por meio da associação que, como o
tem demonstrado a experiência, é o grande poder que pode nos dar o
triunfo.
A
ação é o único que pode nos salvar; mas não uma ação que se limite a
adorar a Deus, a freqüentar os sacramentos e a consagrar-se ao templo de
um modo exclusivo e único; não, partindo da adoração e da vida
sacramental, trata-se de desenvolver um movimento de caráter profunda e
genuinamente cristão, que incida na vida social e política, e que tenha
por sinais predominantes um amor forte e sincero a nossos irmãos
inspirados no amor intenso e incalculável que devemos professar ao nosso
Criador.
Consagremo-nos
para a levar a luz ao horizonte obscurecido pela ignorância e pelo
erro, conquistemos as classes sociais com um apostolado incansável e
procuremos, o quanto antes, sacudir a inércia, associando-nos,
organizando-nos, colocando em prática os ensinamentos da Igreja para
contribuir, deste modo, para a salvação da Pátria.
Beato e mártir Anacleto González Flores, artigo do jornal La Palabra.
Guadalajara, México, 21 de julho de 1918.
Tradução de Diego Guilherme da Silva.
Na
imagem: Praia da Coroa Vermelha, Santa Cruz de Cabrália, Bahia, Brasil.
Local da Celebração da Primeira Santa Missa em solo brasileiro, dia 26
de abril de 1500.
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