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28 abril 2009

Sonhos de Dom Bosco

Da assistência a um menino moribundo —1862

Eis aqui o relato que legou-nos em sua crônica o jovem Jerônimo Sutil. "No sábado, 20 de dezembro, (São) João Dom Bosco, depois das orações de costume, disse aos jovens estas precisas palavras:

— Para a festa de Natal, um de nós irá ao Paraíso.

A enfermaria estava completamente vazia e cada um dos pressentes pensava com certa inquietação em seus assuntos particulares. No domingo 21 transcorreu sem novidade alguma; a enfermaria continuava vazia; muitos foram visitá-la para assegurar-se disso. De noite, no teatro se representava o drama "Cosme II visitando os cárceres".

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No dia 22, depois da função da Igreja, celebrava-se a Novena de Natal; José Blangino, exemplar aluno durante dez anos, natural de São Albano, começou a sentir-se mal e foi até a enfermaria. Em poucas horas o mal agravou-se e o médico perdeu toda esperança de cura". Dom Francisco Provera continua em sua crônica: "A noite de 23 de dezembro lhe administrou o Santo Viático ao jovenzinho Blangino. Por volta das dez (São) João Dom Bosco estava na enfermaria e falava do perigo de morte em que encontra-se o doente. (Beato) Miguel Dom Rúa disse:

— Se (São) João Dom Bosco quer que eu passe aqui a noite, se por acaso o doente necessitar os últimos auxílios da Religião, estou disposto a fazê-lo.

— Não é necessário — replicou (São) João Dom Bosco —; até as duas da noite não haverá perigo; vete a dormir tranqüilo, deixa ordenado que a essa hora vão chamar-te, pois então deverás estar aqui.

Em efeito, à hora indicada, o jovenzinho recebeu a extrema-unção e meia hora depois tinha entregue sua alma a Deus".

Pela manhã (São) João Dom Bosco contou que à noite precedente tinha sonhado com o Blangino, ao qual havia visto moribundo. Eis aqui suas palavras:

"Sonhei que o Prefeito Dom Alasonatti estava ajoelhado rezando; minha mãe, morta fazia seis anos e eu, assistíamos ao doente. Ela estava arrumando algumas coisas ao redor da cama e eu estava sentado a certa distância do paciente. Minha mãe aproximou-se do leito e disse:

— Está morto.

— Está morto?, — perguntei eu —.

— Sim, está morto.

— Olhem a ver que horas são.

— Logo serão as três.

Dom Alasonatti enquanto isso exclamou:

— Oh! Queira o Senhor que todos nossos jovens tivessem uma morte tranqüila.

Depois disto despertei. Seguidamente senti um golpe fortíssimo, como se alguém golpeasse na parede. Imediatamente exclamei:

— Blangino parte agora para a eternidade.

Abro os olhos para comprovar se havia luz; mas não vi nada. Rezei então O de profundis, (salmo penitencial, que costuma rezar-se pelas almas das pessoas que falecem) persuadido de que o jovem tinha morrido, e enquanto o rezava ouvi que soavam no relógio as duas e meia".

Na noite de Natal um número muito consolador de comunhões ajudava a alma do querido defunto e os jovens, como acontecia em casos semelhantes, estreitavam-se cada vez mais ao redor de (São) João Dom Bosco.

Eis aqui o que dizem as crônicas sobre o jovem Jerónimo Sutil, que legou-nos a primeira parte deste relato:

"Veio também a procurar refúgio no Oratório o jovem e bom músico Jerónimo Sutil, que era procurado em Veneza pela polícia por ter pronunciado algumas palavras imprudentes. Este tal afeiçoou-se a (São) João Dom Bosco e durante muitos anos alegrou a vida do Oratório com suas canções venezianas, e tendo partido a França, retornou depois ao Valdocco. Viveu sempre como fervoroso cristão".
(M. B. Volume VII, págs. 345-346)

15 abril 2009

Sonhos de Dom Bosco

As Duas Colunas: a Eucaristia e a Devoção à Santíssima Virgem —1862

Em 26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.

Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.


Eis aqui suas palavras: "Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete.

Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.


Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum.(Auxilio dos Cristãos) Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes).

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.

Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.

O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.

Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranqüilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."

Ao chegar a este ponto do relato, (São) João Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rúa: — O que pensas desta narração? O (Beato) Miguel Dom Rúa respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem à embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a María Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rúa não fez referência ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São) João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação. Quarenta e oito anos depois — em 1907 — um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de (São) João Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São) João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)