Estou certo de que nenhum de nós se daria ao trabalho de explicar um problema de física nuclear a uma criança de cinco anos. E, não obstante, a distância que há entre a inteligência de uma criança de cinco anos e os últimos avanços da ciência é nada em comparação com a que existe entre a mais brilhante mente humana e a verdadeira natureza de Deus. Há um limite para o que a mente humana – mesmo em condições ótimas – pode captar e entender. Sendo Deus um ser infinito, nenhum intelecto pode alcançar as suas profundidades.
Por isso, ao revelar-nos a verdade sobre Si mesmo, Deus tem que se contentar com enunciar-nos simplesmente qual é essa verdade. O “como” dela está tão longe das nossas faculdades nesta vida que nem o próprio Deus trata de no-lo explicar.
Por isso, ao revelar-nos a verdade sobre Si mesmo, Deus tem que se contentar com enunciar-nos simplesmente qual é essa verdade. O “como” dela está tão longe das nossas faculdades nesta vida que nem o próprio Deus trata de no-lo explicar.
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Uma dessas verdades é quem, havendo um só Deus, existem nEle três Pessoas divinas – Pai, Filho e Espírito Santo. Há uma só natureza divina, mas três Pessoas divinas. No plano humano, “natureza” e “pessoa” são praticamente uma e a mesma coisa. Se num quarto há três pessoas, três naturezas humanas estão lá presentes; se estivesse presente uma só natureza humana, haveria uma só pessoa. Assim, quando procuramos pensar em Deus como três Pessoas com uma só e a mesma natureza, é como se estivéssemos dando cabeçadas contra o muro.
Por isso, às verdades de fé como esta da Santíssima Trindade, chamamos “mistérios de fé”. Cremos nelas porque Deus no-las manifestou, e Ele é infinitamente sábio e veraz. Mas, para sabermos como é que isso pode ser, temos que esperar que Ele nos manifeste a Si mesmo por inteiro, no Céu.
“O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina”. (CIC, n. 234).
Os teólogos podem, é claro, dar-nos alguns pequenos esclarecimentos. Assim,explicam que a distinção entre as três Pessoas divinas tem por base a relação que existe entre elas.
Temos Deus Pai, que se contempla na sua mente divina e se vê como realmente é, formulando um pensamento sobre Si mesmo. Você e eu, muitas vezes, fazemos o mesmo. Concentramos o olhar no nosso interior e formamos um pensamento sobre nós mesmo. Este pensamento se expressa nas palavras silenciosas “João Pereira” ou “Maria das Neves”.
Mas há uma diferença entre o nosso conhecimento próprio e o de Deus sobre Si mesmo. O nosso conhecimento próprio é imperfeito, incompleto. Mas ainda que nos conhecêssemos perfeitamente, ainda que o conceito que temos acerca de nós, ao enunciarmos em silêncio o nosso nome, fosse completo, ou seja, uma perfeita reprodução de nós mesmos, seria apenas um pensamento que não sairia do nosso interior: sem existência independente, sem vida própria. O pensamento deixaria de existir, mesmo na minha mente, tão logo eu voltasse a minha atenção para outra coisa. A razão é que a existência e vida não são algo absolutamente necessário. Houve um tempo em que eu não existia em absoluto, e hoje eu voltaria imediatamente ao nada se Deus não me mantivesse na existência.
Mas com Deus as coisas são muito diferentes. Existir é próprio da natureza divina. Não há outra maneira de conceber Deus adequadamente senão dizendo que é o Ser que nunca teve princípio, que sempre foi e sempre será. A única definição real que podemos dar de Deus é dizer que é aquele que é. Assim se definiu Ele a Moisés, como recordamos: “Eu sou Aquele que é” (Êx 3, 14).
“Ao revelar o seu nome misterioso de Javé, <> ou <> ou também <>, Deus declara Quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo, e é por isso mesmo que exprime, da melhor forma, a realidade de Deus como Ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer” (CIC, n.206. cf. também n. 214).
Se o conceito que Deus tem de Si mesmo deve ser um pensamento infinitamente completo e perfeito, tem que incluir a existência, já que a existência é própria da natureza de Deus. A imagem que Deus vê de Si mesmo, a Palavra Silenciosa com que eternamente se expressa a Si mesmo, deve ter uma existência própria, distinta. A este pensamento vivo em que Deus se expressa perfeitamente a Si mesmo chamamos de Deus Filho. Deus Pai é Deus conhecendo-se a Si mesmo; Deus filho é a expressão do conhecimento que Deus te de Si. Assim, a segunda pessoa da Santíssima Trindade é chamado Filho precisamente porque é gerada desde toda a eternidade, gerada na mente divina do Pai. Também a chamamos Verbo de Deus, porque é a “Palavra mental” em que a mente divina expressa o pensamento sobre Si mesmo.
Depois, Deus Pai (Deus conhecendo-se a Si mesmo) e Deus Filho ( o conhecimento de Deus sobre Si mesmo) contemplam nessa natureza tudo o que é belo e bom – quer dizer, tudo o que produz amor – em grau infinito. E assim a vontade divina origina um ato de amor infinito para com a bondade e a beleza divinas. Uma vez que o amor de Deus por Si mesmo, tal como o conhecimento de Deus sobre Si mesmo, é da própria natureza divina, tem que ser um amor vivo. Este amor infinitamente perfeito, infinitamente intenso, que eternamente flui do pai e do Filho, é o que chamamos Espírito Santo, “que procede do Pai e do Filho”. É a terceira pessoa da Santíssima Trindade.
Resumindo:
- Deus pai é Deus conhecendo-se a Si mesmo;
- Deus Filho é a expressão do conhecimento de Deus sobre Si mesmo;
-Deus Espírito Santo é o resultado do amor de Deus por Si mesmo.
Esta é a Santíssima Trindade: três Pessoas divinas em um só Deus, uma só natureza divina.
Um pequeno exemplo poderia esclarecer-nos a respeito da relação que existe entre as três Pessoas divinas: pai, Filho e Espírito Santo.
Suponha que você se olha num espelho de corpo inteiro. Você vê uma imagem perfeita de si mesmo, com uma exceção: não é senão um reflexo no espelho. Mas se a imagem saísse dele e se pudesse ao seu lado, viva e palpitante como você, então, sim, seria a sua imagem perfeita. Mas não haveria dois vocês, e sim um só Você, uma só natureza humana. Haveria duas “pessoas”, mas só uma mente e uma vontade, compartilhando o mesmo conhecimento e os mesmos pensamentos.
Depois, já que o amor de si (o bom amor de sim mesmo) é natural em todo ser inteligente, haveria uma corrente de amor ardente e mútuo entre você e a sua imagem. Agora, dê assas a sua fantasia e pense na existência desse amor como uma parte tão de você mesmo, tão profundamente enraizada na sua própria natureza, que chegasse a ser uma reprodução viva e palpitante de você mesmo. Este amor seria uma “terceira pessoa” (mas, mesmo assim, nada mais que um Você, lembre-se; uma só natureza humana), uma terceira pessoa que estaria entre você e a sua imagem , e os três unidos de mãos dadas: três pessoas numa só natureza humana.
Talvez este vôo da imaginação possa ajudar-nos a entender confusamente a relação que existe entre as três pessoas da Santíssima trindade: Deus Pai “olhando-se” a Si mesmo na sua mente divina e mostrando ali a Imagem de Si, tão infinitamente perfeita que é uma imagem viva: Deus Filho; e Deus Pai e Deus Filho amando com um amor vivo a natureza divina que ambos possuem em comum: Deus Espírito Santo. Três Pessoas divinas, uma só natureza.
Por isso, às verdades de fé como esta da Santíssima Trindade, chamamos “mistérios de fé”. Cremos nelas porque Deus no-las manifestou, e Ele é infinitamente sábio e veraz. Mas, para sabermos como é que isso pode ser, temos que esperar que Ele nos manifeste a Si mesmo por inteiro, no Céu.
“O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina”. (CIC, n. 234).
Os teólogos podem, é claro, dar-nos alguns pequenos esclarecimentos. Assim,explicam que a distinção entre as três Pessoas divinas tem por base a relação que existe entre elas.
Temos Deus Pai, que se contempla na sua mente divina e se vê como realmente é, formulando um pensamento sobre Si mesmo. Você e eu, muitas vezes, fazemos o mesmo. Concentramos o olhar no nosso interior e formamos um pensamento sobre nós mesmo. Este pensamento se expressa nas palavras silenciosas “João Pereira” ou “Maria das Neves”.
Mas há uma diferença entre o nosso conhecimento próprio e o de Deus sobre Si mesmo. O nosso conhecimento próprio é imperfeito, incompleto. Mas ainda que nos conhecêssemos perfeitamente, ainda que o conceito que temos acerca de nós, ao enunciarmos em silêncio o nosso nome, fosse completo, ou seja, uma perfeita reprodução de nós mesmos, seria apenas um pensamento que não sairia do nosso interior: sem existência independente, sem vida própria. O pensamento deixaria de existir, mesmo na minha mente, tão logo eu voltasse a minha atenção para outra coisa. A razão é que a existência e vida não são algo absolutamente necessário. Houve um tempo em que eu não existia em absoluto, e hoje eu voltaria imediatamente ao nada se Deus não me mantivesse na existência.
Mas com Deus as coisas são muito diferentes. Existir é próprio da natureza divina. Não há outra maneira de conceber Deus adequadamente senão dizendo que é o Ser que nunca teve princípio, que sempre foi e sempre será. A única definição real que podemos dar de Deus é dizer que é aquele que é. Assim se definiu Ele a Moisés, como recordamos: “Eu sou Aquele que é” (Êx 3, 14).
“Ao revelar o seu nome misterioso de Javé, <
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